Há algum tempo vem circulando alertas, na Internet, quanto ao desafio macabro conhecido como baleia azul. Na realidade não é o único que existe. Mas, nesta semana, percebi que o assunto circulou nas redes sociais de uma forma mais contundente. Li e ouvi todo tipo de informação ou opinião. Até ouvi um questionamento de que a informação seria falsa (mais um hoax), difundida a partir de um perfil falso. Infelizmente, NÃO é.
Por ser um assunto que envolve crime cibernético, resolvi me posicionar.
Hoje cedo (10h a.m.) estava no ar uma discussão sobre o desafio da baleia azul na Rede Globo. Para variar, é interessante como as discussões, atualmente, sempre tendem para o lado do “machismo”, como se fosse culpa da “sociedade machista” (sei… risos). Não é por ai…
Vocês perceberão a dimensão do problema!
Na minha opinião, a atração por desafios sempre existiu… Porém, infelizmente, a Internet vem potencializando as consequências e extrapolando limites. Ao mesmo tempo que a Internet oferece os benefícios da “inclusão digital” (considero bastante questionável), também facilita na formação de grupos com atividade doentia ou criminosa. E, nem sempre, isto estará claramente estampado no grupo que você (ou filhos) ingressar.
Os desafios sempre foram muito conhecidos entre youtubers (qualquer sexo), alguns são quase inocentes (apesar de inadequado) e outros são mais agressivos e extremamente perigosos. Isto acaba ampliando o alcance naturalmente.
Dentro do público infantil, por exemplo, é fácil encontrar vídeos envolvendo o desafio do sal e gelo. Apesar de queimar a pele, não oferece um risco maior. O problema é saber como esta brincadeira evoluirá para desafios seguintes.
Entre os adolescentes, outro jogo bastante conhecido é o jogo da asfixia.
Na realidade, a origem desta “brincadeira” idiota é antiga. Quando adolescente (hoje tenho 41), cheguei a assistir colegas trancando a respiração por um intervalo de tempo e depois alguém batia “forte” no peito na tentativa de provocar um “apagão” rápido. Não existia uma lógica ou razão alguma na brincadeira. Talvez uma demonstração inconsequente de “controle” sobre o corpo (não faz sentido), ou também uma forma de chamar a atenção dentro do grupo. Por mais incrível que pareça, não eram pessoas abaladas emocionalmente. Não consigo enxergar uma explicação plausível.
Pasmem, mas, no caso do jogo da asfixia, a “brincadeira” evoluiu para estrangulamento até provocar desmaios. Neste caso, pela brutalidade, o público feminino acaba sendo menor.
Percebam que, normalmente, a intenção ou objetivo não é o suicídio.
Há algum tempo atrás, por exemplo, o jornal da Record noticiou a morte de um adolescente que, no momento do “jogo”, estava sozinho e acredita-se que, após perder a consciência, permaneceu enforcado, levando ao desfecho trágico.
Muitas vezes, sequer existe uma finalidade ou objetivo palpáveis.
Em determinados casos, até acredito que seja uma forma que alguns jovens encontram para demonstrar coragem ou “conquistar destaque” dentro de um grupo. Existe também a ilusão de estar demonstrando uma capacidade superior para lidar com desafios intransponíveis para os demais. Dependendo da fase da vida, a curiosidade pode ser um fator preponderante também. É uma combinação de fatores.
Como se não bastasse, surgiram jogos e desafios ainda mais aterrorizantes e covardes na Rússia, conhecidos como o jogo da fada do fogo e o famoso desafio da baleia azul. Além do que foi dito, acredito que estão explorando a fraqueza, inocência e inexperiência de crianças e adolescentes. É um absurdo.
É evidente que existem boatos falsos, mas os jogos existem realmente. Para se ter uma ideia do quão absurdo pode ser, assistam o vídeo sobre o jogo fada do fogo (para assistir, clique no link do youtube):
O vídeo acima é baseado no “‘Fire fairy’ game tells children to turn on gas stoves“.
No desafio baleia azul, por envolver diferentes fatores (mais sérios), a análise se torna ainda mais complexa. As pessoas acordaram para o debate sobre depressão e tentativas de suicídio. É uma abordagem realmente importante. Mas, no caso deste desafio, o convite pode ser feito aleatoriamente e, ao aceitar, o participante recebe ameaças fortes para não desistir do jogo. A ameaça – de morte – se estende a toda família. Vira, literalmente, caso de polícia.
Sendo assim, não sei quantos jovens estão preparados para lidar com este tipo de situação. Basta um pequeno desequilíbrio emocional para desabar diante da pressão e falta de experiência de vida (seja no mundo real ou virtual). Também não podemos descartar que o jogo desperte ou crie uma motivação maior para pessoas predispostas ao suicídio.
Infelizmente, o jogo já tem feito vítimas no Brasil.
Minha recomendação é a seguinte…
1. Para proteger seus filhos, procure NÃO expô-los ao mundo virtual cedo demais. E, quando for o momento, acompanhe os movimentos dentro do possível (impondo limites), até atingir a maioridade. Fique atento e instrua.
2. Estejam presentes, demonstrando a força e a proteção que a família é capaz de oferecer sob qualquer circunstância, de forma que qualquer membro se sinta seguro e confortável em compartilhar temores ou mesmo solicitar ajuda sempre que precisar.
3. Nunca fique acuado diante de ameaças na Internet. Ao menor sinal de perigo, não hesite em procurar a polícia. Só assim, você e sua família estarão realmente protegidos.
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